de tanto passar
fome
gritando
pelas
mazelas
do
silêncio
do
teu nome
o cabelo
branco
ainda
resiste
da memória
pérfida
que ainda
insiste
da promessa
vã
de dias
menos
tristes
do fuso
horário
que separa
nossos
sonhos
equivocados
dos equívocos
que tramo
para ser
condenado
a uma eterna
danação
sem deus
sem mentiras
sem desejos
sem
vida
no campo das tertúlias
no âmbito
dos verbos
minha amostragem
é a preguiça
na seara
do hediondo
minha qualidade
é dissimulada
no que tange
aos crimes
vocifero
vernáculos
no rol
dos pecados
triunfo
hedonista
na insanidade
dos adjetivos
delineio
você
na clínica (flores do mal)
o médico cocainômano
com sua barba
exacerbada
gritando
CANALHA
o guitarrista
que se apaixonou
por alice in chains
e tentou se matar
comendo
pilhas
palito
o esquizofrênico
amante de erva
que sabe de cabeça
todas as linhas
de ônibus
do Rio
e rouba
sabonetes
para comer
escondido
o famoso
ator
espaçoso
e desequilibrado
com seus dilemas
de autoimagem
o cara que traz
drogas
bem
escondido
nas partes
íntimas
e te
oferece
no quarto
(as drogas e as partes íntimas!)
a pequena
menina
iludida
por um grande
amor
platônico
e por
giletes
socráticas
e eu
um pouco
de todos
e
nada
de
ninguém
vendo poesia
quando
isso
é tudo
o
que
se
tem
Modernidade – Desafio Literário
não sei quais frequências
perpassam meu corpo
quando escrevo
sobre a reunião
das nossas
digitais
se perco mais
cabelos
tanto faz
a cabeça
se perco
o tempo
a hora
o instante
que debuta
o avatar
distante
que agora
representa
toda sua
existência
se rebelde
minha língua
impede
minha
euforia
o poder
de deletar
tudo que sinto
e volto às
palavras erradas
às entradas
não requisitadas
e no silêncio
finjo que
ainda
posso
ouvir
você
chegar
com alguma
proposta
indecente
que me tire
do tédio
de ter sempre
o que fazer
Desafio proposto por Cristileine Leão do consagrado site Depressão com Poesia.
———————————————————————–
Este poema faz parte de um Desafio Literário entre as plataformas wordpress e blogspot. É o sétimo desafio literário iniciado em Setembro por Rodrigo Meyer com o tema LIVRO.
Em outubro, Sandro Ernesto (https://panografias.com.br/) trouxe a palavra PAZ.
Em novembro, Vall Nunnes do Blog Poetizando (https://poetizarpravariar.blogspot.com/), apresentou-nos o tema ORAÇÃO.
Em dezembro, Chica (https://chicaescreveporai.blogspot.com/2021/01/medo.html), sugeriu o tema NATAL.
Em janeiro, Rosélia (https://www.escritosdalma.com.br/2021/01/medo-desolador.html) trouxe o tema ESPERANÇAR.
Em fevereiro, o grande poeta mineiro Toninho Bira, do Blog Mineirinho (https://mineirinho-passaredo.blogspot.com/2021/01/o-medo-viajando-com-neruda.html) abordou o tema MEDO.
Em março, Estevam Matiazzi, nosso mestre das Minas Gerais nos presenteou com seus lindos versos sobre o MEDO https://estevamweb.wordpress.com/2021/02/26/medo-de-ser/
No fim de março, Alda M. S. Santos do Blog Vida Intensa Vida, escreveu sobre o AMOR.
Recentemente, Cristileine Leão, do consagrado site Depressão com Poesia, teceu belos versos sobre o tema “A Natureza em Mim” e me presentou com a possibilidade de navegar no tema MODERNIDADE.
Cumprido meu grato desafio, incito, por minha vez, a comunicativa Ivy Cassa do blog Portas Abertas a falar sobre IDEALIZAÇÃO.
Regras para o Desafio
1. Escrever um texto no formato que preferir (poesia/prosa…) sobre o tema IDEALIZAÇÃO
2. Postar no seu blog e em outras mídias, se possuir.
3. Deixar o link de sua postagem nos comentários deste post do blog LUK ANK.
coisa julgada
acordamos
com esse
buraco
nefasto
e sem critérios
entre
meus acordes
deletérios
e vosso
acórdão
e impropérios
devassidão insone
com um pesar
irônico
percebo
que meus dez
minutos
de fama
são
mais
dez
minutos
na cama
menininha difícil
lembro dela
como um olhar
calmamente
embriagado
de interesse
mistério
e melancolia
lembro dela
como quem se perde
e passa por ruas
que já passou
à noite
mas nunca
de dia
lembro dela
como uma música
cujo refrão
eu canto
errado
e fica melhor
do meu
jeito
lembro dela
como uma praia
do litoral sul
que não visito
desde a minha
infância
mas que
ainda
ouço
o batuque
do vento
ser ou seringa
o que há de venenoso
nos seus lábios
intravenosos
que mordem
minha
carne
regurgito
de tanto
ansiar
por
você
cheia
de ar
calando
minha melancolia
de lembrar
que acreditei
um dia
ser par
transmutação
percebo
o placebo
desafetos
dos dejetos
do meu ego
não me cego
recebo o recado
fico incomodado
concebo com avidez
ruborizo a minha tez
e posso partir liberto
do pesadelo desperto
no lugar mais desejado
onde de fato é meu fado
rega e poda
eu rego
uma planta de ódio
todos os dias
para lembrar
do motivo
da descoloração
das minhas
cicatrizes
dizem
que é preciso
dois anos
até passar
um dia
sem pensar
em fumar
mas
eu tenho dificuldade
em passar
uma hora
sem pensar
em você
o que me aproxima
não é o amor
é a minha planta
de ódio
que não vou
mais regar
vou deixar
à luz
necromante
do sol
para secar
e morrer